domingo, janeiro 29, 2006

Surf elétrico

No domingo o mar continuou grande, mas não tanto, com ondas de 1,0 a 1,5 metro. Mesmo assim, fui com minha 6'8” para me garantir, pois meu primo tinha me avisado que o mar estava grande. No último momento o Palito deu para trás, e fui sozinho para a Prainha.

Parecia inacreditável: no canto direito o crowd estava relativamente pequeno, a água quente, as ondas com um tamanho respeitável e eu estava conseguindo surfar quase toda marola que sobrava para mim. Começou a chover, mas não liguei: o ar e a água estavam quentes e o vento quase parado. Mas quando o primeiro raio caiu no meio do oceano, saí da água e procurei abrigo no quiosque do Barba.

Até mesmo o Rickson Gracie, uma pessoa casca grossa por qualquer parâmetro, saiu da água, mas uns 20 alucinados continuaram surfando. No quiosque os surfistas um pouco mais sensatos ficaram observando as ondas quase vazias estourando, enquanto raios não paravam de cair e uma senhora tempestade molhava todo mundo. Não adiantava nem pegar o carro e voltar, com uma chuva dessas é perigoso desistir. Nessas horas você pensa: “devia estar dentro de um cinema!”

Quando a chuva estiou e os relâmpagos concederam uma trégua voltei para o mar, dividindo as ondas com mais uns 15 teimosos que não tinham ido embora. Foram as melhores ondas do ano até, o surf melhora depois de um tempo de prática, e estava meio enferrujado antes do dia de São Sebastião. Às vezes vale a pena ser insistente.

sábado, janeiro 28, 2006

A vaca do ano

Netuno passou mais um final de semana no Rio e trouxe ondas de 1,5m. Ele veio junto com uma frente fria, que chegou à cidade na sexta, fazendo o tempo ficar nublado e as praias relativamente vazias.

Infelizmente, só consegui chegar à praia à tarde. Passei a manhã andando de carro pela zona norte, mais precisamente em Madureira. Minha carteira roubada na semana anterior tinha sido achada por um lojista que trabalha perto do Mercadão – ele me ligou porque meu telefone da Petrobras estava na carteira. Como não arrumei tempo para ir até lá durante a semana, precisei gastar meu sábado. Me impressionei com a quantidade de pessoas no centro comercial de Madureira, e como a vida delas é diferente da minha existência de playboy.

Felizmente, com tudo resolvido, duas da tarde peguei a estrada e à três estava na Prainha – segundo os sites especializados, era o único pico com ondas boas, no resto das praias as ondas entravam de frente e fechavam. Quando desci da montanha e vi o tamanho das ondas, me impressionei. Cada onda era uma massa d´água completamente reta, quebrando de uma vez só e levantando uma enorme massa de água branca.

Quando cheguei à praia vi canto esquerdo estava impraticável, com ondas fechadas de mais de dois metros, mas do canto direito até a pedra dava para brincar. As ondas estavam com 1,5m, chegando a 2m ou mais nas séries.

Entrei no mar pelo canto direito com minha 6’8”, que uso quando o mar não está brincadeira. Peguei uma onda pequena logo depois de entrar, e logo depois de voltar remei para entrar em uma da série. Meu irmão, foi a vaca do ano, pelo menos até agora!

Quase não consegui remar para entrar na onda, forcei e tentei um drop atrasado. O lip quebrou embaixo de mim, me jogando de uma altura de dois metros na água. Debaixo d'água, quando encontrei o chão, tomei impulso e tentei voltar à superfície, mas a onda continuava rodando e me puxou de novo para o turbilhão, me deixando quase sem fôlego. Depois de segundos que pareciam uma eternidade, consegui chegar à tona. Apontei a prancha para a areia e peguei carona na espuma branca para voltar.

Depois de um tempo parado na areia, me arrisquei de novo no mar. Acho que depois da vaca perdi um pouco o pé, embiquei a prancha na água em duas ondas seguidas. Pelo menos as ondas menores eu conseguia surfar.

Fui para a areia, descansei um pouco, comi um sanduíche e voltei para a água. Consegui surfar as ondas da série, mesmo que sem arriscar muitas manobras, mas fiquei satisfeito. Às vezes, vencer o medo que aparece depois de uma vaca mais forte já é suficiente.

domingo, janeiro 22, 2006

Prainha interditada

Completando o feriadão, cheguei bem cedo na Prainha, 7 da manhã. Mar um pouco maior que ontem, mais ou menos um metrão (quatro pés), também merecendo a 6'3”.

Depois da primeira sessão, fiquei um pouco no quiosque do Barba, e reparei que o movimento de carros tinha parado. Até o Kadu Moliterno, que tem um carrão, chegou pedalando uma bicicleta. A polícia tinha fechado a entrada da Prainha, provocando engarrafamentos quilométricos no Recreio, mas para quem já estava lá era o paraíso. Caí no mar de novo, com relativamente pouca gente na praia, e a sessão foi mágica.

Sobrou para mim uma onda linda, que passou por um japonês que estava um pouco mais ao fundo. Quando o japonês não conseguiu remar, acertei minha prancha, dei duas remadas e já estava surfando – é impressionante como estar no lugar certo, na hora certa, faz toda a diferença. Como a onda já estava bem em pé quando entrei, minha prancha estava indo em direção ao precipício de água quando fiquei em pé. Consegui fazer uma cavada para me alinhar com a onda e as manobras apareceram quase magicamente: batida, nova cavada, e um floater meio estranho para terminar. Ela valeu o dia.

sábado, janeiro 21, 2006

Curso de padrinho

O mar baixou, e as ondas ficaram em meio metro. Tive que passar a manhã em uma igreja, em um curso para padrinho - o que a gente não faz para aceitar determinadas responsabilidades!

De tarde fui com o André, estou botando uma pilha para aprender a pegar onda direito e largar aquela funboard safada dele. Mar divertido, entre meio metro e um metro, pude usar a 6'3” e arriscar mais umas manobras – batidas, floaters, coisa assim. Ainda faço as manobras sem muita fluidez, e às vezes elas me fazem perder o tempo da onda. Mas sou brasileiro, não desisto! Saí da praia quase oito da noite, graças ao horário de verão, e quando voltei para casa já era noite.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

São Sebastião

São Sebastião, para alegria de todos os surfistas cariocas, trouxe muitas ondas ao litoral do Rio de Janeiro no seu dia. Foi aliás, a primeira sessão de surf de verdade, pois o mar estava praticamente flat desde o início do ano. O dia teve ondas de 1,5 a 2 metros e muito sol, a pior combinação para os salva-vidas. O recorde de salvamentos no ano foi batido, e minha irmã viu o helicóptero carregar muita gente na cestinha.

Cheguei às 7 da manhã na Prainha, e entrei no mar ainda com muita névoa, mal dava para ver o tamanho das ondas. O pior é que mal pude aproveitar direito: estava meio para baixo, pois na semana passada tomei um autêntico pé-na-bunda e bati com o carro. Também estava completamente parado, sem nadar, correr nem fazer nada. Com as ondas meio grandes, mesmo com a 6'8” não tinha gás para entrar em praticamente nenhuma. Coloquei o rabo entre as pernas, sai da água, peguei o carro e fui até a Macumba. Quando o mar está grande, prefiro dropar as ondas da Macumba, mais fáceis, ainda que precise disputar com os longboards.

Cheguei na Macumba por volta das 8 da manhã, entrei pela Farofa e remei até a altura do quiosque do Rico. Não consegui pegar muitas ondas, mas pelo menos me curei do bode. É impressionante o que um dia de surf pode fazer.

domingo, janeiro 01, 2006

Mensagem de abertura

Por que escrever um diário sobre meu progresso e dificuldades no surf? Simplesmente porque é divertido surfar, e é divertido escrever sobre o que se gosta. Principalmente, porque o surf é um esporte contemplativo, com longos tempos de espera entre as séries. E pensamento que não se registra, se perde.