sábado, janeiro 28, 2006

A vaca do ano

Netuno passou mais um final de semana no Rio e trouxe ondas de 1,5m. Ele veio junto com uma frente fria, que chegou à cidade na sexta, fazendo o tempo ficar nublado e as praias relativamente vazias.

Infelizmente, só consegui chegar à praia à tarde. Passei a manhã andando de carro pela zona norte, mais precisamente em Madureira. Minha carteira roubada na semana anterior tinha sido achada por um lojista que trabalha perto do Mercadão – ele me ligou porque meu telefone da Petrobras estava na carteira. Como não arrumei tempo para ir até lá durante a semana, precisei gastar meu sábado. Me impressionei com a quantidade de pessoas no centro comercial de Madureira, e como a vida delas é diferente da minha existência de playboy.

Felizmente, com tudo resolvido, duas da tarde peguei a estrada e à três estava na Prainha – segundo os sites especializados, era o único pico com ondas boas, no resto das praias as ondas entravam de frente e fechavam. Quando desci da montanha e vi o tamanho das ondas, me impressionei. Cada onda era uma massa d´água completamente reta, quebrando de uma vez só e levantando uma enorme massa de água branca.

Quando cheguei à praia vi canto esquerdo estava impraticável, com ondas fechadas de mais de dois metros, mas do canto direito até a pedra dava para brincar. As ondas estavam com 1,5m, chegando a 2m ou mais nas séries.

Entrei no mar pelo canto direito com minha 6’8”, que uso quando o mar não está brincadeira. Peguei uma onda pequena logo depois de entrar, e logo depois de voltar remei para entrar em uma da série. Meu irmão, foi a vaca do ano, pelo menos até agora!

Quase não consegui remar para entrar na onda, forcei e tentei um drop atrasado. O lip quebrou embaixo de mim, me jogando de uma altura de dois metros na água. Debaixo d'água, quando encontrei o chão, tomei impulso e tentei voltar à superfície, mas a onda continuava rodando e me puxou de novo para o turbilhão, me deixando quase sem fôlego. Depois de segundos que pareciam uma eternidade, consegui chegar à tona. Apontei a prancha para a areia e peguei carona na espuma branca para voltar.

Depois de um tempo parado na areia, me arrisquei de novo no mar. Acho que depois da vaca perdi um pouco o pé, embiquei a prancha na água em duas ondas seguidas. Pelo menos as ondas menores eu conseguia surfar.

Fui para a areia, descansei um pouco, comi um sanduíche e voltei para a água. Consegui surfar as ondas da série, mesmo que sem arriscar muitas manobras, mas fiquei satisfeito. Às vezes, vencer o medo que aparece depois de uma vaca mais forte já é suficiente.