segunda-feira, outubro 30, 2006

Viagem de sonhos


Não sei qual é sua viagem de sonho, mas a minha é para o Havaí. Mas para ser perfeita, não bastaria pegar um avião e desembarcar na ilha: teria que ser para o Havaí da década de 60, mostrado nos primeiros filmes de Bruce Brown, Slyppery When Wet e Surfing Hollow Days.
Naquela época o surf era praticado por um punhado de hipsters na Califórnia e no Havaí, e esses filmes mostram cenas que hoje seriam impossíveis: ondas perfeitas e solitárias quebrando nas ilhas. Um paraíso do surf, virgem e pronto para ser domado e desbravado.
Mas o sonho não acabou. Mesmo precisando dividir as ondas com dezenas de outras pessoas, uma sessão de surf é mágica, e o Havaí ainda tem as melhores ondas do mundo. A Hawaiian Dreams oferece uma passagem para lá para quem responder da forma mais original a pergunta "Qual é seu sonho?". Não custa tentar.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Back to basics


No final do ano passado a indústria do surf passou por um terremoto: a Clark Foam, maior fabricante de blocos de poliuretano dos Estados Unidos, fechou as portas por conta de problemas com a fiscalização ambiental da Califórnia. Para quem não sabe, o bloco de poliuretano é a "alma" da prancha de surf, sua principal matéria prima, e a Clark era a maior fornecedora do maior mercado consumidor do mundo. Começou a corrida por materiais alternativos, mas eu ainda acho que o poliuretano é a melhor opção.

No último mês começaram a ficar mais comuns na Prainha as pranchas de EPS com resina Epoxy da Rusty. Elas foram lançadas no começo do ano nos Estados Unidos, e o Bataglin, que é licenciado no Brasil, já tem elas disponíveis por aqui também.

Em breve vou detalhar minha opinião sobre o assunto, mas no Click Surf tem um artigo interessante do Lelot. Mas basta dizer que ele por um bom tempo "levantou a bandeira" da prancha de EPS e resina Epoxy por um bom tempo, mas agora ele voltou para o bloco de poliuretano.

quarta-feira, outubro 18, 2006

Crowd, crowd, crowd

Até o final dessa semana acontece no Rio de Janeiro a III Mostra do Surf , um bom programa para quem quer conhecer o esporte ou para longboarders fora de forma. A mostra reúne uma exposição de pranchas antigas, fotos e esculturas, além de sessões de filmes de surf. Se um shopping abrisse uma exposição sobre qualquer outro esporte, certamente os aficcionados iriam comparecer ao evento, mas com o surf acontece algo diferente. Quem entender isso perceberá porque os surfistas costumam ter uma certa má fama, e porque pouco se importam com isso.

Quem pratica de maneira amadora um esporte - seja ele futebol, tênis, peteca - faz isso pelo prazer que essa atividade proporciona. Mas para uma sessão de surf ser memorável, é preciso ter a conjunção de uma série de fatores - a ondulação estar consistente e o vento fraco, dispor de uma prancha em boas condições e estar em boas condições físicas. Mas, mesmo que todas essas condições estejam reunidas, uma sessão pode ser arruinada se todos os surfistas da cidade resolverem disputar o mesmo pico.

Há duas semanas as ondas voltaram a estourar com consistência na zona sul, a ponto de me animar a acordar cinco da manhã para cair no Arpoador antes do trabalho. As ondas estavam clássicas, com mais de um metro, estourando perto da ponta da pedra, mas ainda assim não me diverti tanto. No final de semana seguinte o tempo estava chuvoso, e as ondas não estavam perfeitas, mas ainda assim fiz a cabeça. Por quê? Como as condições estavam longe do ideal, poucos surfistas compareceram à Prainha e ao Grumari - era só esperar uma onda boa e remar, sem precisar disputar com ninguém.

A coluna desse mês do Fred O'Dorey na Fluir explica porque os surfistas inteligentes não se entusiasmam com eventos como a Mostra do Surf. Se você é esperto, não tenta melhorar a imagem do esporte nem torná-lo mais respeitável. Quanto mais aceito, maior o número de praticantes, mas não se fabricam praias como quadras de futebol ou tênis. Convencer o resto do mundo que o surf é do cacete (como de fato é) não é inteligente, pois só faz aumentar o crowd.

A partir de hoje, se alguém me chamar de vagabundo ou maconheiro por pegar onda, vou só dar um risinho superior e deixar pra lá. Podem falar horrores do surf - afinal, isso só irá me ajudar a surfar mais e melhores ondas.