Surf elétrico
No domingo o mar continuou grande, mas não tanto, com ondas de 1,0 a 1,5 metro. Mesmo assim, fui com minha 6'8” para me garantir, pois meu primo tinha me avisado que o mar estava grande. No último momento o Palito deu para trás, e fui sozinho para a Prainha.
Parecia inacreditável: no canto direito o crowd estava relativamente pequeno, a água quente, as ondas com um tamanho respeitável e eu estava conseguindo surfar quase toda marola que sobrava para mim. Começou a chover, mas não liguei: o ar e a água estavam quentes e o vento quase parado. Mas quando o primeiro raio caiu no meio do oceano, saí da água e procurei abrigo no quiosque do Barba.
Até mesmo o Rickson Gracie, uma pessoa casca grossa por qualquer parâmetro, saiu da água, mas uns 20 alucinados continuaram surfando. No quiosque os surfistas um pouco mais sensatos ficaram observando as ondas quase vazias estourando, enquanto raios não paravam de cair e uma senhora tempestade molhava todo mundo. Não adiantava nem pegar o carro e voltar, com uma chuva dessas é perigoso desistir. Nessas horas você pensa: “devia estar dentro de um cinema!”
Quando a chuva estiou e os relâmpagos concederam uma trégua voltei para o mar, dividindo as ondas com mais uns 15 teimosos que não tinham ido embora. Foram as melhores ondas do ano até, o surf melhora depois de um tempo de prática, e estava meio enferrujado antes do dia de São Sebastião. Às vezes vale a pena ser insistente.