Primeira semana em Punta Hermosa
Depois de um dia viajando de avião, com direito a uma longa conexão por São Paulo, finalmente cheguei na pousada do Luisfer, em Punta Hermosa. Depois de um ano viajando a trabalho e me hospedando em hotéis de alto nível, bancados pela Petrobras, o padrão alternativo da pousada me deixou um pouco decepcionado, mas depois de um dia já estava adaptado. Foi como uma volta aos tempos de faculdade, quando dormia em colchonetes nas universidades durante os encontros de estudantes ou acampava na Ilha Grande. Como a pousada do Luisfer ainda oferece 3 refeiçoes por US$ 16, cama e chuveiro, é uma boa opção para quem quer pegar onda em Lima.
Quatro picos estão bem próximos do Luisfer, podendo ser alcançados a pé: La Isla, Punta Rocas, Señoritas e Caballeros.
La Isla fica em frente à pousada, um point break para a direita que funciona bem quando o mar está grande, com 5 pés ou mais . No meu primeiro dia em Lima remei em La Isla com uma prancha 6´1´´, quando deveria ser melhor ter escolhido uma prancha maior e ficar no pico. Mesmo pegando as menores no inside, eram melhores e mais longas que as ondas que costumam aparecer no Brasil.
Punta Rocas não está tão perto, mas pagando 2 soles a uma motoneta se chega facilmente lá. Também um point break, Punta Rocas é a melhor opção quando o mar está flat nos outros points. Quando está grande só abre uma direita, mas em dias menores uma esquerda bem longa também aparece. É uma onda que quebra quase que ¨parada¨, permitindo que voce treine bastante as rasgadas e os cutbacks. Nao fazia nenhuma das duas manobras antes de chegar aqui, mas agora já consigo arriscar.
Señoritas é uma esquerda, e Caballeros uma direita, e estão ambas nos lados opostos de uma mesma praia, de águas calmas. Das duas, gostei mais de Señoritas, por ter mais parede, mas Caballeros permite que voce encontre um braço bem longo e rápido para acelerar.
Um pouco mais distantes estão Arica e Puerto Viejo, dois beach breaks de ótima qualidade. Para ir lá, pode-se contratar um táxi ou alugar um carro - as duas opçoes vao custar cerca de US$ 30, e dividindo com 4 ou 5 pessoas, não sai muito caro. As ondas em Arica parecem um pouco com as da Barra da Tijuca e Maresias, e são relativamente curtas, mas aparecem em toda a sua extensão. A praia é perto de um pueblo, e por isso deve ser bem cheia durante o final de semana - imagine uma Copacabana, com pessoas mais pobres.
Puerto Viejo lembra o Arpoador: suas esquerdas quebram sempre em uim mesmo ponto, perto de uma pedra. A diferença é que em Puerto Viejo dezenas de gaivotas e aves marinhas fazem seus ninhos (se alguma delas cagar em sua cabeça, não irá fazer muita diferença, já que voce estará na água), e dizem que lá as ondas são clássicas. Dizem, porque nos dois dias que fui lá nao encontrei ondas boas.
Para quem quer encarar uma trip maior, Cerro Azul e Pepinos, mais ao sul, devem ser boas. Não conferi essas, porque as ondas em Punta Hermosa são mais constantes e a viagem não se justificaria.
Na primeira etapa de minha viagem, fiquei uma semana em Punta Hermosa. Em termos de ondas, o maior mar que peguei foi um metrão em Punta Rocas, o que é normal nessa época do ano. Foi bom para me desenferrujar e colocar o surf no pé (dentro dos meus limites, claro!).
Descobri um site que mostra previsoes de ondas para o mundo inteiro, o site www.wetsand.com, que se mostrou razoavelmente confiável. Como ele apontava que no final de semana o mar estaria flat, mantive a programação inicial, e não alterei a data do meu voo para Cuzco.
Na costa do Peru voce fica entre o mar e o deserto, e passear pelas montanhas seria uma boa mudança. Além do mais, muita gente diz que visitar o Peru sem conhecer Machu Picchu é desperdiçar a viagem. Fazer o que então? Arrumei minhas malas, deixei as pranchas no Luisfer e parti para o aeroporto, em direção a Cuzco.