Até o final dessa semana acontece no Rio de Janeiro a
III Mostra do Surf , um bom programa para quem quer conhecer o esporte ou para longboarders fora de forma. A mostra reúne uma exposição de pranchas antigas, fotos e esculturas, além de sessões de filmes de surf. Se um shopping abrisse uma exposição sobre qualquer outro esporte, certamente os aficcionados iriam comparecer ao evento, mas com o surf acontece algo diferente. Quem entender isso perceberá porque os surfistas costumam ter uma certa má fama, e porque pouco se importam com isso.
Quem pratica de maneira amadora um esporte - seja ele futebol, tênis, peteca - faz isso pelo prazer que essa atividade proporciona. Mas para uma sessão de surf ser memorável, é preciso ter a conjunção de uma série de fatores - a ondulação estar consistente e o vento fraco, dispor de uma prancha em boas condições e estar em boas condições físicas. Mas, mesmo que todas essas condições estejam reunidas, uma sessão pode ser arruinada se todos os surfistas da cidade resolverem disputar o mesmo pico.
Há duas semanas as ondas voltaram a estourar com consistência na zona sul, a ponto de me animar a acordar cinco da manhã para cair no Arpoador antes do trabalho. As ondas estavam clássicas, com mais de um metro, estourando perto da ponta da pedra, mas ainda assim não me diverti tanto. No final de semana seguinte o tempo estava chuvoso, e as ondas não estavam perfeitas, mas ainda assim fiz a cabeça. Por quê? Como as condições estavam longe do ideal, poucos surfistas compareceram à Prainha e ao Grumari - era só esperar uma onda boa e remar, sem precisar disputar com ninguém.
A
coluna desse mês do Fred O'Dorey na Fluir explica porque os surfistas inteligentes não se entusiasmam com eventos como a Mostra do Surf. Se você é esperto, não tenta melhorar a imagem do esporte nem torná-lo mais respeitável. Quanto mais aceito, maior o número de praticantes, mas não se fabricam praias como quadras de futebol ou tênis. Convencer o resto do mundo que o surf é do cacete (como de fato é) não é inteligente, pois só faz aumentar o crowd.
A partir de hoje, se alguém me chamar de vagabundo ou maconheiro por pegar onda, vou só dar um risinho superior e deixar pra lá. Podem falar horrores do surf - afinal, isso só irá me ajudar a surfar mais e melhores ondas.