sábado, fevereiro 11, 2006

Banho de chuva

Macumba
Como sabia que o sábado iria amanhecer chuvoso, não coloquei o despertador para as seis da manhã, e acordei já quase oito horas. No celular vi uma mensagem do Frango, liguei para ele e soube que ele tinha perdido o Surf Bus. Como estava chovendo bastante, estava pensando em não ir para a praia, ele me convenceu a ir.

A melhor pedida para o swell de sudeste era a Macumba ou o Canto do Recreio, já que a Prainha estava meio de ressaca. O único problema era o crowd, inexplicável para um dia de chuva forte – deviam haver umas 30 pessoas espremidas no canto do Recreio, e mais umas 40 espalhadas pela Macumba. É bom ver que você não é o único fissurado a pegar onda em um dia de chuva, mas tanta companhia atrapalha.

Decidimos ir para a Macumba, onde o crowd era mais esparso, mas para completar lá acontecia um campeonato amador patrocinado pela Telemar bem em frente ao quiosque do Rico, onde estavam as melhores ondas. Malditas corporações!

Mas o dia valeu a pena. Como achava que as ondas estariam grandes, levei minha mini gun de 6'8”, e tiver que sentar no fundo, próximo ao campeonato, procurando as maiores ondas da série. Infelizmente, muita gente teve a mesma idéia, e tive que ficar disputando as ondas na remada contra o crowd.

Uma de mais ou menos um metro e meio que sobrou para mim valeu a viagem. Só comecei a remar quando ela já estava em cima de mim, forçando um drop atrasado, e por um instante achei que não ia conseguir. Não esperei chegar ao final da onda para dar uma cavada para o lado, ou ia tomar uma vaca tenebrosa, e direcionei o bico da minha prancha para o corte da onda, procurando uma saída para a enrascada na qual tinha me metido. E a mesma onda que iria me massacrar proporcionou um passeio memorável, me mostrando que às vezes o mais importante no surf é auto-confiança.

Depois de pegar confiança nas ondas da Macumba, quis entrar na Prainha, mas tive uma lição de humildade. A arrebentação estava bem exigente, e já estávamos cansados, e nem chegamos ao outside. A vida é assim mesmo.